O Objetivo é a Mochila

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Pedro Nandi

Posted on July 13, 2023

O Objetivo é a Mochila

Esse é um relato pessoal sobre o que eu aprendi com a minha carreira até aqui, como dev.

Todo dev carrega uma mochila nas costas, durante o caminho que é a sua carreira. Ela começa vazia. A medida em que vamos caminhando, vamos enchendo ela de conhecimentos e experiências. A medida em que vamos nos deparando com as mais diversas situações, recorremos à nossa mochila para buscar as soluções mais adequadas. Quando a mochila estiver demasiadamente cheia, teremos um repertório tão grande que ficará difícil não termos uma ideia sobre como solucionar algum problema com o qual nos deparamos.

O objetivo de pensar dessa maneira é fazer com que, lá na frente, uma mochila cheia nos dê segurança para escolher onde e com o que trabalhar, ter um bom salário e uma carreira de sucesso. Mas, para isso, é necessário fugir o tempo todo da zona de conforto.

Por que eu penso assim? Vamos lá... Faz tempo que eu quero escrever esse artigo sobre a carreira do dev. Nos últimos anos tomei algumas decisões que me fizeram refletir muito sobre minha caminhada profissional e vi que essa experiência toda tinha potencial para ser compartilhada.

Esse é um texto específico sobre a carreira de desenvolvedor de software. Pode ter coisas aqui que não façam sentido ou se encaixem em outras profissões, e tá tudo certo.

Comecei minha carreira há muito tempo, em um estágio, há mais de 10 anos. Final de faculdade, primeiro emprego, a vaga era pra dev Oracle PL/SQL. Eu cursei ciência da computação em período integral, então, quando fui para o mercado, não sabia como era. Ciência da computação é um curso muito teórico.

Minha estratégia na época foi perceber meus novos colegas de trabalho. Notei que aqueles que eram mais valorizados dominavam as regras de negócio. Esses eram deuses. Ninguém se preocupava com stack ou com arquitetura. Era consenso que isso já havia sido escrito em pedra e não iria mudar.

Foquei crescer naquele ambiente. Por alguns anos, comi regra de negócio com farinha para alçar meu lugar até uma certa estabilidade. Deu certo. Na monotonia, decidi cursar uma pós em engenharia de software, o que eu considero o início da mudança.

Na pós, conheci pessoas que trabalhavam em outras empresas e entrei em desespero porque as conversas entre eles soavam como grego pra mim. Não conhecia nada das tecnologias que usavam e falavam. Vi que estava estagnado, fiquei triste, perdido.

Meus sentimentos se explicam porque sempre gostei de tech, sempre gostei de programar. Estar tão para trás me deixou mal. Percebi que meu mundo era só o meu trabalho. Não sabia como era o mundo lá fora.

Foi então que decidi correr atrás do prejuízo. Fiz cursos, programei, comecei a participar de pequenos eventos da comunidade local de tech. Tudo estava melhorando até que decidi trocar de emprego para trabalhar com stacks mais atuais. A quantidade de negativas que recebi, foi de perder as contas. Os principais motivos: Não ter experiência profissional nas stacks requisitadas e não ter portfólio.

Foram alguns anos nessa rotina: Dar o meu melhor no trabalho, estudar e participar de processos seletivos por aí. Até que veio a pandemia e a nossa área de tecnologia decolou. Alta demanda, altos salários, muitas vagas, muitas empresas crescendo. Comecei a receber muitas abordagens de recrutadores no Linkedin, até que encontrei uma empresa que topou a parceria comigo.

Eu entregaria meu conhecimento em PL/SQL e teria a oportunidade de também trabalhar com Java. Pra mim, perfeito! E foi só aí, quando consegui finalmente essa oportunidade, que comecei a refletir sobre toda essa trajetória até então.

Durante a minha passagem pela empresa onde iniciei estagiário, trabalhei até atingir uma zona de conforto. Minha mochila foi preenchida até um ponto onde eu não tinha mais nada novo para guardar. Tudo que eu tinha nela me era suficiente. Foi quando fui tentar trocar de emprego, que percebi que eu não tinha nada do que era necessário por aí.

Viu como o processo de encher a mochila é contrário à zona de conforto? Quando me deparo com a expressão "assumir o volante da própria carreira" eu sempre penso que essa visão da mochila é isso. Só você é responsável pela sua própria mochila. Ninguém vai colocar nada nela por você.

Isso não quer dizer que devemos virar macacos, pulando de galho em galho (empresa em empresa), sugando o que julgamos importante até estarmos satisfeitos. Pode ser, mas não necessariamente. A partir do momento em que você passa a entender a importância de cuidar da própria mochila, você começa a perceber que pode fazer isso de várias maneiras, e com calma.

Defina objetivos para a sua carreira, observe o que te faz se sentir empolgado o que o mercado oferece. Veja o que você deve correr atrás para aprender e busque uma oportunidade para trabalhar integralmente com aquilo que você quer dominar. É difícil, muitas vezes não é possível, mas não desista. Enquanto tenta, mantenha a aprendizagem e a curiosidade vivas.

Nessas situações, o "vestir a camisa da empresa" se funde com o famoso "que seja eterno enquanto dure". Faça seu trabalho bem feito, mas se surgir uma oportunidade mais alinhada com os seus objetivos de carreira, siga em frente. Explore as oportunidades. Tente perceber o que a nova empresa pode te oferecer em questão de evolução. É explorando que você vivenciará situações que te darão conhecimentos e experiências novas para você adicionar à sua mochila!

Percebo que essa visão pode sim nos oferecer um futuro com mochilas bem pesadas. Lá na frente, poder falar que sabe como resolver tal problema porque tem experiência com a ferramenta necessária, ou porque já passou por tal problema semelhante anteriormente, é o objetivo dessa brincadeira toda. É essa segurança que alicerça a carreira bem sucedida.

Enfim, esse texto foi difícil de escrever porque foi difícil sintetizar tudo isso em um roteiro breve. Espero que tenha contribuído em algo na sua vida e gostaria da sua opinião sobre o assunto! Valeu e até a próxima!

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pedronandi
Pedro Nandi

Posted on July 13, 2023

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