Desenvolvimento não é apenas sobre código
Danilo Soares Cardoso
Posted on November 24, 2019
Artigo postado originalmente em danilo.dev
Quem trabalha com desenvolvimento geralmente passa por momentos em que se sente frustrado. Isso pode ocorrer porque um determinado programa não funcionou ou, o que acaba sendo pior, com as escolhas que foram feitas na carreira e por não perceber uma solidez no que faz. Quando cito isso, não estou me pautando apenas pela experiência própria, mas sim pela convivência com diversos programadores ao longo desses anos. E aí, como lidar com as frustrações na vida de desenvolvedor?
Antes de tudo, creio que valha ressaltar que este texto não é um canivete suíço que vai valer para todo e qualquer profissional de tecnologia. Assim como um framework JavaScript não vai suprir todas as necessidades de um projeto, um texto não vai ser o remédio para todos os problemas. Minha ideia aqui é compartilhar um pouco do que aprendi ao longo do tempo e mostrar que precisamos, sim, desacelerar às vezes.
Cuide de sua saúde mental
Mais do que ser um excelente desenvolvedor, é muito importante que você esteja bem consigo mesmo. Li dias atrás no Twitter do grande Willian Justen uma thread onde o pessoal falava sobre saúde mental de devs e acabei caindo nesse post dele. Achei uma leitura sensacional porque mostra como a gente precisa dar algumas pausas no dia-a-dia pra simplesmente descansar. Conheço muita gente que passa a semana inteira trabalhando até tarde, vai pra eventos no final de semana, mas não tem um momento de relaxamento, pra conectar consigo.
Seja meditando, lendo um livro ou fazendo uma caminhada mais longa, é essencial desacelerar para manter o ritmo no dia-a-dia. Por mais que pareça uma frase desconexa, ela faz todo o sentido. A gente precisa de momentos de paz pra conseguir relaxar a mente o bastante para não adoecer.
Produtividade não é sinônimo de profissionalismo
Uma métrica que eu usava muito no passado e que vejo ser muito errada era a de que você define o quão bom é um desenvolvedor através da sua produção, ou seja, quanto mais código ou entregas ele faz, melhor ele é. Demorou bastante pra minha ficha cair e perceber que um bom desenvolvedor não é aquele que entrega muito. Quando você começa a aprender uma tecnologia, é natural que queira ter soluções prontas e que mostrem o seu potencial, mas isso não faz de você um bom profissional.
Com o passar dos anos percebi que para ser um bom desenvolvedor, você precisa entender que em alguns momentos sua produção não será a melhor da equipe. Isso pode ocorrer nas horas em que o conhecimento de uma ferramenta ainda está sendo adquirido, quando o projeto é difícil de assimilar ou até mesmo quando algo pessoal te impede de focar 100%.
Nessas horas, é sempre importante ter esses problemas alinhados com seu gestor. Existem metodologias que buscam facilitar essa comunicação, mas se sua empresa não usa tais mecanismos, vá até seu gestor e explique a situação. Afinal, proatividade é algo que faz toda a diferença nas empresas. Quando você mostra para sua gerência que conhece os seus pontos fracos, isso mostra que você sabe onde pode melhorar, o que é algo essencial em times auto gerenciáveis, um item importante de métodos ágeis.
Você não é a Wikipédia
Quando eu era adolescente, ficava abismado com a quantidade de conteúdo que havia na Wikipédia. Não podia usar ela nos trabalhos escolares, mas ainda assim fazia meus olhos brilharem, com tanta informação a poucos cliques. O tempo passou e percebi que, apesar de acumularmos conhecimento durante toda nossa vida, existem limitações nesse processo. No caso de um desenvolvedor, é muito comum que ele queira aprender muito sobre muitas ferramentas diferentes. GraphQL, Flutter, React, Node, Hazelcast, Docker...o que não faltam são áreas e especialidades diferentes para nos interessarmos e irmos atrás.
O que vai ajudar a você se estressar menos é focar em pontos específicos de estudo. Por exemplo, se você trabalha com Spring e Angular e pensa em fazer carreira no seu trabalho, vale a pena estudar isso e se especializar. Agora, se sua pegada é trabalhar com infra-estrutura daqui 5 anos, é nesse caminho que você precisa seguir a partir de agora, e não desistir lá na frente.
Existem dois caras com quem falo muito sobre isso durante a semana que são o Gustavo e o Flor. A gente sempre bate papo sobre tecnologias que estão no ar e o que vale a pena aprender no momento. E foi durante conversas assim que percebi como os assuntos abordados neste texto são importantes de se falar. Acredito que valha muito a pena falar sobre isso com desenvolvedores de sua confiança porque ajuda a perceber no que estamos indo bem e no que podemos melhorar. Não só tecnicamente mas nas soft skills também.
Posted on November 24, 2019
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