Eu deixei de usar o Co-pilot
Gabriel Vincent
Posted on May 8, 2024
Eu deixei de usar o Co-pilot pra escrever código.
Quando eu comecei a usar o Co-pilot, senti que ganhei super poderes. Ele é muito bom em inferir qual é a próxima coisa que você que inserir no código e na maioria das vezes ele adivinha muito bem.
Porém, isso é uma armadilha. Há um tempo comecei a sentir meu processo de escrever código mais travado, menos orgânico, mas não dei muita atenção a essa sensação. É aquele tipo de coisa que vai acontecendo gradualmente e você acaba se tornando cego pra ela. Recentemente resolvi experimentar fazer algumas coisas diferentemente de como sempre fiz. Só pra ver qual é. Mudei de editor de código (spoiler: amei) e passei uma semana usando um esquema de cores monocromático (spoiler: uma merda). Uma das coisas que resolvi fazer foi desabilitar o Co-pilot completamente só pra lembrar como era programar como faziam os homens das cavernas.
Eu fiquei abismado ao constatar que eu não sabia mais programar. Eu me vi digitando as primeiras letras de uma linha de código e esperando o robô completar pra mim. Eu nem estava mais pensando no que estava digitando. A sensação que tive foi que o editor de código era apenas uma interface com um robô que eu precisava cutucar a cada meio segundo como quem diz "ei, vai lá, faz aquela coisa lá pra mim". Se o robô respondesse verbalmente, ele provavelmente perguntaria "ok, o que você quer que eu faça?" ao que eu responderia "sei lá, só faz aquela coisa lá, você sabe". Se o Varrick escrevesse código, ele programaria exatamente como eu estava programando.
Só que, como eu desliguei o robô, só sobrou eu, sozinho, esperando que as linhas se materializassem magicamente na minha frente. Isso me incomodou e resolvi persistir um pouco sem o Co-pilot. No início era como se eu meio que soubesse o que queria escrever, mas meu cérebro simplesmente não prosseguia como raciocínio. Levou mais ou menos uma semana pra eu já não fazer mais aquela coisa estranha de iniciar uma linha e ficar olhando pra tela esperando ela surgir do éter. Foi quase como fazer um detox que permitiu ao meu pensamento fluir mais naturalmente.
Agora, já passados dois meses desde que desliguei o Co-pilot, eu sinto que não só consigo pensar com mais clareza e fluidez naquilo que quero que o código faça, como também minha velocidade de digitação vem aumentado significativamente. Pode parecer meio estranho, mas eu comecei a perceber que se eu simplesmente digitar o que eu quero (e digitar rápido) consigo ter uma velocidade maior no final das contas. Porque não preciso mais parar, esperar o robô ir até a Virgínia buscar uma meia dúzia de caracteres, inserir sob meu cursor, verificar se ele trouxe mesmo aquilo que eu queria, enxaguar e repetir. Eu simplesmente digito aquilo que eu quero! Chocante, revolucionário!
Claro que eu também não vou ser negacionista e ignorar os benefícios que o Co-pilot pode oferecer. Acho que existe, sim, um espaço pro Co-pilot. Configurei o auto-completar do meu editor de código pra rodar o Co-pilot quando eu pressiono CTRL+Espaço. O pop-up com as sugestões aparece ali, da mesma forma como acontece quando eu pressiono CTRL+Espaço pra ver quais propriedades posso acessar em um objeto, por exemplo.
Dessa forma eu consigo ter o melhor dos dois mundos: mantê-lo fora do meu caminho quando preciso que o meu raciocínio esteja no comando e recorrer a ele quando preciso escrever boilerplate ou refrescar a memória quanto a particularidades da sintaxe. É fazer o robô trabalhar par mim e não o contrário.
Posted on May 8, 2024
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